
Ah, a maternidade! Um mar de emoções, descobertas e, sobretudo, muitas dúvidas. Além disso, uma das fases mais lindas e, ao mesmo tempo, desafiadoras é, sem dúvida, a amamentação. Entretanto, nesse cenário, entre conselhos de família, mitos antigos e a avalanche de informações da internet, as novas mães – e até as mais experientes – podem se sentir completamente perdidas. Por isso, foi exatamente sobre isso que conversamos em um bate-papo no programa Almanaque da 104 FM, que inspirou esta matéria para o 104.news. O assunto? A consultoria de amamentação e como ela pode ser a boia salva-vidas nesse período tão intenso.

A estrela da nossa conversa foi a fisioterapeuta Fernanda Godoi. Ela mergulhou nesse universo após perceber a “dificuldade muito grande das mães com amamentação no pós-parto“. Essa percepção acendeu nela uma chama, que para ajudar, buscou formação para se tornar uma consultora. E que bom que ela fez isso! Porque o que ela oferece vai muito além de “ensinar a mamar”.
Da Barriga ao Braço: A Consultoria em Cada Etapa
Em primeiro lugar, a gente costuma pensar em amamentação só depois que o bebê nasce, não é? Mas a fisioterapeuta Fernanda Godoi explica que o ideal é começar bem antes. Em síntese, a consultoria é, na verdade, é um “planejamento” e um aprendizado que já pode rolar desde a gestação, no pré-parto, logo pelo terceiro trimestre (de 30 a 32 semanas). É que, nessa fase, a gestante pode absorver as informações com mais calma, sem a adrenalina do recém-nascido.
Nesse primeiro momento, o foco é na teoria: como a amamentação acontece, a importância de uma boa pega, o posicionamento do bebê. Mas, como bem disse a Fernanda, “na teoria é uma coisa, na prática pode ser totalmente diferente” . E é aí que entra a consultoria pós-parto. Com o bebê nos braços, a consultora faz uma avaliação individualizada e prática. Ela analisa o seio da mãe, a boquinha e os reflexos do bebê, ajustando a pega e o posicionamento para que a mamada seja efetiva, ou seja, para o bebê se alimentar direitinho e a mãe não sentir dor.
Adeus, Mitos! Olá, Informação de Verdade!
Prepare-se para desmistificar algumas coisas que você provavelmente já ouviu por aí:
- “Tem que preparar a mama antes do bebê nascer!” Nada disso! Esfregar o bico do seio não ajuda e pode até atrapalhar. Segundo Fernanda Godoi, essa prática antiga pode “sensibilizar demais o bico” e “facilitar o surgimento de fissuras depois”. Ou seja, esqueça os truques da vovó para “endurecer” o mamilo.
- “Meu bico é pequeno, o bebê não vai conseguir mamar!” Outro mito pra cair por terra! O bebê não pega só o bico; ele pega a aréola inteira. “Não tem nada a ver” o tamanho do bico. O que importa é a pega correta, que a consultora vai ajudar a conseguir.
- “Meu leite é fraco, não sustenta o bebê!” Esse é um dos maiores vilões da amamentação! Fernanda explica que, desde o início, a mãe produz o colostro, um “leite muito nutritivo para o bebê” e suficiente. Pense bem: o estômago de um recém-nascido é do tamanho de uma cereja! Ele consegue ingerir apenas uns 5 a 7 ml de leite nos primeiros dias. Ou seja, o bebê não precisa de grandes volumes logo de cara.
- “O bebê tem que mamar X minutos!” A ideia de que o bebê precisa ficar “40 minutos no peito mamando” pode te deixar maluca. No começo, o estômago é pequeno e esvazia rápido, então o bebê fará mamadas mais curtas, mas mais frequentes. E isso não significa que ele não esteja se alimentando. Ele está!
- “Bebê chorou, é fome!” Nem sempre! O choro é a forma de comunicação do bebê, mas ele pode chorar por calor, frio, fralda suja, cólica ou até por querer um colinho. Observar os “sinais de fome do bebê antes do choro”, como agitação ou levar a mão à boca, é a chave para evitar que ele chegue ao choro desesperado, que dificulta a pega correta.
A persistência é fundamental. “A amamentação, é aprendizado, tanto pro bebê quanto pra mãe. É um processo que requer paciência, requer persistência”.
Cuidado Completo: Fisioterapia e Amamentação de Mãos Dadas
O que torna o trabalho da fisioterapeuta Fernanda Godoi ainda mais especial é a sua abordagem holística. Como fisioterapeuta pélvica e obstétrica, ela vê a mãe como um todo, cuidando não só da amamentação, mas também da recuperação física pós-parto. Nesse cenário, ela faz “uma junção do atendimento de consultoria com o atendimento de fisioterapia no pós-parto” .
Isso significa que, durante a consultoria, ela também pode:
- Acelerar a cicatrização: seja de fissuras nos seios, de lacerações de parto normal ou da cicatriz da cesariana, usando recursos como o laser.
- Aliviar dores: dores na região pélvica, na coluna, ou na cicatriz.
- Tratar problemas como a diástase: aquela separação dos músculos abdominais que acontece na gravidez. Ela utiliza laser, taping (aquelas fitas coloridas que dão suporte) e exercícios para “essa musculatura lembrar como que tem que trabalhar.
A ideia é agir rápido: “quanto antes a gente começar a tratar, melhor”, reforça Fernanda, pois o estímulo da amamentação é constante. Ela orienta como cuidar do mamilo e do seio, como ofertar o peito, de quanto em quanto tempo e como funcionam as mamadas. É um atendimento completo.
Acolhimento e Paz: O Atendimento em Domicílio

Imagina a cena: você acabou de ter um bebê, está exausta, com as emoções à flor da pele (o famoso baby blues), e ainda tem que sair de casa para uma consulta. Por isso, a Fernanda faz questão de atender em domicílio. Sua primeira visita pós-parto dura de duas hora, duas horas e meia, até três horas, porque ela entende a dinâmica de um recém-nascido. “Às vezes, a gente tem que parar o atendimento pra essa mãe amamentar”, ou acalmar o bebê. O atendimento é com “a maior paciência do mundo”.
Fernanda espera a mãe e o bebê chegarem em casa e se adaptarem ao ambiente, para que a consultoria seja o mais eficaz possível. E para complementar, oferece acompanhamento online, mandando informações importantes por escrito para a mãe reler quando precisar – porque, convenhamos, “é muita informação” para absorver de uma vez só!
Prevenir é Melhor do que Remediar
O pós-parto é um período de grande vulnerabilidade. Ter que lidar com dores, cansaço e a demanda constante de um bebê pode ser, inicialmente, “uma carga muito pesada, principalmente emocionalmente” reforça. A consultoria oferece mais do que técnica; oferece acolhimento e apoio.
Fernanda insiste: “é muito melhor a gente prevenir do que a gente tratar”. E atenção, mães de segunda, terceira viagem! “Cada gestação é uma gestação, cada parto é um parto. Cada bebê é um bebê”. Não é porque a primeira amamentação foi tranquila que a segunda será igual. Pelo contrário, uma amamentação pode ser bem diferente da outra. A prevenção e o conhecimento são sempre os melhores aliados.
Envolver a família
Outro ponto crucial é envolver toda a família. Mãe, pai, avós… todos precisam “falar a mesma língua”, pois quando cada um fala uma coisa diferente pode confundir a mãe e fazer com que ela acabe se perdendo” . A consultoria também serve para alinhar essas informações e garantir que todos apoiem a mãe na mesma direção.
Comece com o Pé Direito!
Por fim, Fernanda Godoi deixa claro que a consultoria de amamentação é um investimento na tranquilidade e no sucesso da vida materna. É a chance de amamentar sem dor, sem dúvidas, e com a certeza de que seu bebê está recebendo o melhor. É um suporte completo que abraça a mãe, oferece conhecimento atualizado, desmistifica crenças e proporciona um acolhimento essencial nesse período de tantas transformações.

Não deixe que os mitos ou a falta de informação transformem a amamentação em um fardo. Busque o apoio de quem entende e transforme essa experiência em um elo inquebrável de amor e nutrição.
Leia também: Dra. Adriana Gouveia e o Legado de um Laboratório de 40 Anos
Links úteis
Participe do nosso grupo no WhatsApp












